quarta-feira, 1 de outubro de 2008

A cultura Kitsch




O Kitsch possui um significado extremamente vago, podendo ser compreendido como um fenômeno social, já que está ligado ao comportamento de um indivíduo na sociedade em relação ao consumo e à própria relação que o homem tem com as coisas.
Antes da Revolução Industrial já havia um processo de ascensão social em certas camadas da população. Sabe-se que só há procura de um determinado tipo de objeto em função de um fenômeno de mobilidade social. A proliferação de objetos é que vai determinar essa categoria cultural chamada Kitsch.
Com a industrialização, a atividade produtiva do homem foi dinamizada possibilitando a serialização. Dessa forma, a obra de um artista famoso, acessível apenas à “nata” da população, tem o seu efeito copiado em inúmeras replicas no mercado. É nisso que o Kitsch se baseia: na idéia de “ter é ser”, mesmo que o individuo se cerque de objetos baratos, mas que sempre apelam para a idéia de encantamento e boa impressão para quem os consome.
O Kitsch veio para ficar. Desde que esse fenômeno começou, ele só floresce e não tem fim. Este fato é explicado pela atual sociedade cancerosa em relação ao consumo, determinada pelo fascínio que o homem tem com as coisas. Consumir, segundo Abraham A. Moles, é a alegria da massa. Devido ao processo de industrialização, certos objetos vão se tornando cada vez mais populares, existindo portanto, um numero exagerado de pessoas que podem adquirir o Kitsch, pois este tem sempre um valor pobre derivado de algo que o homem quis imitar, e é por isso que ele se multiplica.
O comportamento Kitsch está ligado à falsa erudição. É um fenômeno que imita matérias, o ouro sendo imitado por uma tinta dourada, por exemplo, repetindo assim as características de determinados objetos sem compreender o valor deles. Outro exemplo é a poesia: ela pode emocionar as pessoas por causa da significação das palavras, já o Kitsch só quer copiar o efeito, tornando-se a deturpação do artístico em favor do consumo. Porém, observa-se que ao tentar copiar aquilo que é refinado, o Kitsch acaba revalorizando o objeto raro.
Esse prazer que o Kitsch proporciona não é derivado do “feio” e nem do “belo”, está ligado à questão de ser distintizado. Ou seja, o que é “coisa” adquirie dignidade para ser consumido. Por exemplo: uma simples pedra é uma coisa, mas ao ser lapidado nos moldes da Estátua da Liberdade, tem-se origem a um objeto que gera no consumidor distinção social, mesmo que seja um mero “bibelô” em cima do móvel.
Um exemplo seria a promoção lançada pela revista “Caras” sobre a coleção de xícaras com motivo das sete maravilhas do mundo, o que não passa de um apelo “cultural” e estético.






Renata Marques

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